Ela era uma garota comum e, como geralmente nada muito especial acontecia em sua vida, ela sonhava acordada a maior parte do dia. Na escola, no carro, no chuveiro, na cama. Ela era sempre a personagem principal dos seus sonhos e ali era amada, querida e desejada. Pelo fato de tudo isso estar bem longe da sua realidade, muitas vezes ela se distanciava do que acontecia em seu cotidiano e se refugiava nesses sonhos. Cada vez que uma amiga deixava de ser amiga, por exemplo, ela se voltava para o seu mundo de fantasias, onde ninguém poderia machucá-la, pelo contrário, ali todos a amavam.
Crescer assim parecia mais fácil para ela, mas a realidade foi se tornando cada vez mais difícil de ser encarada. Sua família se mudou para um lugar longe de tudo e de todos que ela conhecia. De uma hora para outra a garota se viu num país estranho, envolta em uma nova língua falada por pessoas desconhecidas. Aqueles foram os piores anos de sua adolescência. As garotas do colégio eram más com ela. “Bullying” era um novo jogo e ela não sabia jogar... Mas, felizmente, ela podia uma vez mais se refugiar nos seus sonhos.
E assim, cada vez mais ela foi se escondendo dentro de si, fechando as portas para ninguém entrar. Escutava seu walkman durante todo o dia e sonhava...
Sua vida era igual a de tantas outras garotas "comuns", essas que acham que nunca vão chegar a lugar algum e que ouvem constantemente as pessoas dizerem: "você é muito tímida para namorar, assim nunca vai se casar". Essa garota, que não conseguia nem andar de bicicleta, tinha apenas a insegurança estampada em seu rosto. Não sorria para estranhos e nem mesmo para colegas de classe. Não olhava ninguém nos olhos, pois achava muito assustador. Enfim, seu mundo consistia basicamente em viver um dia após o outro sem esperar muita coisa…
Porque estou falando dessa garota? É que ela era eu.
Um dia encontrei a Deus e com isso pude me enxergar: me vi como se estivesse espremida em um canto, com medo de sair e ser quem eu realmente era. Não foi fácil, afinal eu estava escondida naquele canto há muito tempo. Mas meus olhos se abriram e comecei a ver as coisas de forma diferente, a acreditar que tudo aquilo que havia sido apenas um sonho, poderia se tornar realidade. Comecei a destruir as muralhas que havia construído ao meu redor. Aprendi a lutar. Todo esse processo levou um tempo para, finalmente, me arrancar de dentro daquela bolha invisível da qual fui prisioneira durante toda a minha vida. Não foi fácil, mas quando saí me tornei finalmente livre!
Livre de todas as minhas inseguranças da infância e juventude. Livre de todas as idéias erradas acumuladas ao longo dos anos. Livre de todos os hábitos teimosos que me custaram muito no passado. Eu estava livre para ser quem eu era, a Cristiane que Deus queria que eu fosse.
Sugiro que você faça o mesmo, porque sei que essa situação é bastante deprimente e que ninguém pode realmente ajudá-la enquanto estiver presa a ela. Esta é uma bolha diabólica que só você e Deus podem estourar.
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